Cartografias
afetivas

Mapeamento da vitalidade urbana
no cenário das ambiências
contemporâneas

O projeto guarda-chuva, desenvolvido no Laboratório “Arquitetura, Subjetividade e Cultura” pela coord. Ethel Pinheiro Santana, desde 2019, tem por meta incrementar o escopo de metodologias para a abordagem de espaços públicos coletivos, através da análise das ambiências urbanas cariocas. O objetivo central da pesquisa é o delineamento de métodos que permitam o levantamento e condensação de diferentes narrativas do lugar – por meio de cartografias afetivas, como oportunidade de exploração do vínculo afetivo atrelado aos espaços. Também é interesse aferir como o maior ou menor vínculo afetivo com determinados espaços públicos estaria relacionado à qualidade das cidades contemporâneas, em especial nas metrópoles.

Nesta linha de pensamento, a pesquisa tensiona diferentes oportunidades de exploração de dados georreferenciados, que se relacionam a dados maiores como questões de concentração de atividades, mobilidade urbana, justiça social e – efetivamente – a vitalidade dos espaços urbanos. A atuação de estudantes da graduação e eventuais estudantes de Ensino Médio de escolas públicas cariocas, além de colaboradores das áreas da Assistencia Social, Geografia e Antropologia é de importância vital, uma vez que o conjunto de cartografias é sempre realizado por todos os colaboradores envolvidos, em diversos momentos, e permitirá a formação de recursos humanos de excelência, preparados para o desenvolvimento de atividades ligadas ao planejamento urbano sensível e às demandas de políticas públicas. Espera-se, com isso, confrontar alguns conceitos-chave entre os estudos sobre Ambiências (Duarte, C. R. & Pinheiro, E., 2019), Cartografias (Rolnik, 2007) e a Teoria do Afeto (Anderson, 2006) – atualmente em discussão em diversos campos do saber, contribuindo assim para ampliar as diretrizes de projetação de espaços em que as relações sociais e identitárias são fortalecidas por um agente empático, produzido pela alteridade.

A ressignificação das realidades entre as esferas pública e privada no campo espacial faz parte, também, do escopo de análises dessa grande pesquisa. Por meio da inter-relação com ferramentas fundadas na etnografia (observação participante), na arquitetura (croquis etnográficos) e na geografia (mapeamentos/cartografias), a pesquisa trata de analisar um cenário que possibilita pensar ‘novas urbanidades’ ou novos modos de pensar o urbano. 

Como coloca Queiroga (2011, p. 26), “há sim mudanças na esfera pública, deslocamentos de práticas espaciais públicas, hibridismos, novas complexidades [mas] é impossível afirmar, ao menos para as metrópoles brasileiras estudadas, que estejamos diante do ‘declínio do homem público’”, pois é ainda no espaço público que o humano se desdobra, se alinha com sua representatividade e busca sentir-se acolhido como cidadão. Por isso, a meta dessa pesquisa, cujo arcabouço pode se desmembrar em diversas abordagens e metodologias específicas, é olhar para a cidade como um jogo interpretativo, onde o espaço social fala de modo eloquente para auxiliar as intervenções de ordem arquitetônica e urbanística.

REFERÊNCIAS
Benedict Anderson
Becoming and Being Hopeful: towards a theory of affect 

Environment and Planning: Society and Space, volume 24, 2006, p. 733-752.

Cristiane Rose Duarte; Ethel Pinheiro
ARQUItividades e subjeTETURAS: metodologias para a análise sensível do lugar (Riobooks/FAU-UFRJ, 2019)
Suely Rolnik
Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo (Sulina Editora, 2007)
Eugênio Queiroga
Sistemas de espaços livres e esfera pública em metrópoles brasileiras

Revista Resgate, vol. XIX, N.1, 21 – jan./jun. 2011, 2011, p. 25-35.

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